Confira temas que podem render questões nos próximos vestibulares
Se a primeira década do século 21 foi marcada por conflitos insolúveis, terrorismo, crises nas finanças e degradação ambiental, tudo leva a crer que estes temas estarão novamente em pauta em 2010. O ano que começa será decisivo para os países desenvolvidos resolverem questões financeiras, ainda devidas ao colapso econômico de dois anos atrás, em harmonia com uma agenda global sobre as mudanças climáticas.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Dois países continuarão em destaque, regendo a sinfonia econômica do planeta: Estados Unidos e China. Deles dependem não somente a recuperação das finanças globais como os acordos referentes à diminuição da emissão de gases causadores do efeito estufa, cujas metas foram deixadas em aberto com o fracasso da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em dezembro de 2009.
Na América Latina, a política estará em foco, sobretudo no Brasil, com as eleições presidenciais e o início da era pós-Lula. Mas, antes disso, os olhares do mundo se voltarão para a África do Sul, que sediará o principal evento internacional do ano, a Copa do Mundo da Fifa.
Fim da "obamania"
O ano de 2010 será particularmente delicado para o presidente americano Barack Obama. Passada a euforia da eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, o democrata precisará colocar as finanças domésticas em ordem, administrando um rombo bilionário por conta dos empréstimos que salvaram instituições financeiras e a indústria automobilística durante a crise econômica.
Na política externa, precisará cumprir metas que visam encerrar duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, iniciadas há quase uma década pelo antecessor, o ex-presidente George W. Bush. No Iraque, este ano será de desocupação e entrega definitiva do governo aos iraquianos, enquanto que, no Afeganistão, a aposta é no reforço de efetivo para fortalecer as autoridades locais contra os talebans.
Soma-se a isso a queda de popularidade de Obama, que tinha um índice de aprovação de 70% no começo de 2009 e que, hoje, bate na casa dos 50%. A insatisfação de metade da população com promessas não cumpridas e falta de ações mais enérgicas deve refletir nas eleições parlamentares em novembro. Apesar de fechar 2009 com a sanção do projeto de reforma do sistema de saúde, o presidente corre o risco de perder este ano a maioria na Câmara dos Deputados, o que pode complicar seus dois últimos anos de governo. Já no Senado americano, são poucas as chances de os democratas saírem derrotados.
Dragão chinês
A China, em 2010, vai se tornar a segunda maior economia mundial, ultrapassando o Japão, além de, pela primeira vez, gerir 10% das exportações no comércio internacional. Depois de se recuperar da crise econômica mais rápido que outros países desenvolvidos, a China manterá a taxa de crescimento apenas um pouco menor que os 10% anuais que vinha registrando nas últimas três décadas. Nesse ritmo, especialistas preveem que ultrapasse os Estados Unidos em vinte anos (a mesma previsão era feita sobre o Japão nos anos 1980, antes que o país entrasse em recessão nos anos 1990).
Na política, o Partido Comunista Chinês vai tirar o máximo de vantagens da "Exposição Mundial", evento internacional realizado desde o século 19 e que este ano será em Xangai. Enquanto isso, o presidente Hu Jintao prepara suas substituições na liderança do partido, em 2012, e na Presidência, em 2013.
Contudo, a face mais dura do regime comunista será posta à prova em negociações com os Estados Unidos, em torno dos temas economia e mudanças climáticas, e, internamente, frente à tensão com minorias étnicas no Tibete e em Xinjiang, palcos de revoltas nos dois anos anteriores. O governo já se previne contra novas ondas de protestos, em especial no mês de outubro, quando será lembrado o aniversário de 60 anos da invasão do Tibete pela China.
Pós-Lula
No caldeirão da América Latina, a fervura será política, com destaque para as eleições presidenciais de outubro no Brasil. Será a primeira vez, desde o retorno das eleições diretas em 1989, que Luiz Inácio Lula da Silva ficará fora da disputa. O ex-metalúrgico perdeu três eleições para presidente e está no poder desde 2003, em dois mandatos consecutivos (veja filme indicado abaixo). Ele possui uma aprovação recorde da população brasileira, amparada pela estabilidade econômica do país e a despeito dos escândalos de corrupção em seu governo.
Os candidatos com maiores índices de intenção de votos são: o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef (PT). Serra tem maioria no Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país, ao passo que a eleição de Dilma depende da capacidade de Lula de transferir para ela sua popularidade.
O ano eleitoral deverá ainda interferir em uma das decisões mais importantes do Congresso em 2010, sobre o marco regulatório da exploração do petróleo descoberto na camada pré-sal. A comemoração dos 50 anos de Brasília também colocará em evidência a capital do país.
Outras eleições importantes ocorrem em países da América Latina, no ano em que se comemoram dois séculos de independência da América Espanhola. Para o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, 2010 será decisivo para testar sua influência na região. Disso depende a condução da economia do país e o preço do petróleo, que financia o socialismo "bolivariano" de Chávez, além dos resultados das eleições parlamentares em setembro.
Mudanças devem ocorrer no Chile, onde a direita tem chances de retornar ao poder depois de quase duas décadas fora dele, com Sebastián Piñera, que concorre à Presidência no segundo turno, disputado em janeiro. Na Colômbia, o desenlace das eleições presidenciais depende de uma decisão da Corte Constitucional sobre um referendo que permita mudar a Carta, para que o presidente Álvaro Uribe, desde 2002 no cargo, concorra a um terceiro mandato. Caso seja candidato, são grandes as chances de vitória.
Chantagem atômica
Em segundo plano, a Europa amarga uma taxa de desemprego que, estima-se, deve atingir uma marca histórica de 10%, o que corresponde a cerca de 57 milhões de desempregados na UE (União Europeia). A economia em ritmo lento deve dar vazão a políticas protecionistas dos mercados internos, incluindo medidas restritivas à imigração, além de protestos de rua. Mas os 27 países integrantes da UE começam o ano com novas regras, definidas pelo Tratado de Lisboa, que pretende, na prática, conferir maior representatividade ao bloco.
Na Europa Oriental, as disputas energéticas, como a que opôs Rússia e Ucrânia em 2009 e deixou boa parte da Europa sem gás em pleno inverno, deverão ter novos capítulos.
Entretanto, é no Oriente Médio que estarão alguns dos maiores nós da diplomacia em 2010. O Irã, mais uma vez, será o centro das atenções. Além do desgaste político com as revoltas de parte da população, a insistência em levar adiante o programa nuclear sem a fiscalização da Organização das Nações Unidas (ONU) poderá levar a um conflito com Israel, caso sanções econômicas não surtam efeito.
Assim como a Coreia do Norte, que insiste em fazer testes com armas nucleares, o Irã também se coloca na contramão de debates sobre o desarmamento nuclear que ocorrerão em 2010. Na Coreia do Norte, continuarão ocorrendo especulações sobre o estado de saúde do líder Kim Jong-il, que nos bastidores prepara sua sucessão no poder. Longe da diplomacia oficial, as duas Coreias - Norte e Sul - irão medir forças pela primeira vez numa mesma Copa do Mundo, no ano em que lembram o centenário da ocupação japonesa.
Finalmente, acontecerá na África do Sul o maior evento de âmbito internacional de 2010. A Copa do Mundo deve ajudar o país tanto a expurgar o passado de divisão racial quanto a se diferenciar de países vizinhos como a Somália, devastada pela guerra civil. Desse país que, como o Brasil, idolatra o futebol, talvez guardemos as melhores lembranças deste ano.
Direto ao ponto
|
Em 2010, Estados Unidos e China continuam em evidência. Dos dois países depende a lenta recuperação econômica global em consonância com uma política que previna o mundo dos efeitos catastróficos da mudança climática. Mas o ano também será de países emergentes como o Brasil, que realiza em outubro a primeira eleição presidencial desde 1989 sem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja aprovação é recorde. E, além disso, será um ano de Copa do Mundo, realizada na África do Sul.
Os principais pontos da política e economia mundial em 2010 são:
Estados Unidos: será um ano difícil para o presidente Barack Obama, com a aprovação em queda. Na metade do mandato, ele enfrenta eleições legislativas que podem lhe custar a maioria na Câmara dos Deputados, além de ter como desafios sanar as contas públicas e lidar com as guerras no Iraque e no Afeganistão. No Iraque, deverá cumprir as metas de retirada das tropas combatentes até final de agosto.
China: o país vai atingir dois patamares históricos na economia: pela primeira vez, ultrapassará o Japão como segunda maior potência econômica do planeta e contabilizará 10% das exportações mundiais. Por outro lado, o regime comunista terá que lidar com dissidências étnicas e protestos, no ano que lembra os 60 anos da invasão do Tibete.
América Latina: o ano será de eleições, com destaque para a sucessão presidencial no Brasil, que marcará o inicio da era pós-Lula. O presidente tentará transferir sua popularidade para eleger Dilma Roussef, chefe da Casa Civil. Ela disputa o cargo com o governador de São Paulo, José Serra, que tem a seu favor o maior colégio eleitoral do país no Estado de São Paulo. Em 2010 também haverá eleições parlamentares na Venezuela, e presidenciais no Chile e na Colômbia, no ano em que se comemoram 200 anos de independência da América Espanhola.
Europa: na UE (União Europeia) deve entrar em vigor o Tratado de Lisboa, que confere mais representatividade ao bloco. Mas é incerto se isso ajudará o continente a enfrentar o fantasma do desemprego, que pode atingir a taxa recorde de 10% da população.
Oriente Médio: a insistência do Irã em continuar seu programa nuclear sem a supervisão da ONU pode levar a um conflito com Israel. As manifestações contra o governo iraniano continuam em 2010, mas será uma disputa interna pelo poder que definirá o futuro do país dos aiatolás.
|
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Haiti: crise na nação mais miserável do Ocidente
Com uma população de aproximadamente 8 milhões de habitantes, o Haiti carrega hoje o triste título de nação mais miserável do mundo ocidental. De acordo com dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulgados em 2004, o Haiti ocupa o 153º lugar no ranking que analisa o Índice de Desenvolvimento Humano de 175 países do planeta. Para se ter uma idéia, a epidemia de Aids que se alastra pelo país reduziu para 49 anos a expectativa de vida do povo haitiano.
O país também é considerado pela Transparência Internacional, entidade especializada no assunto, a segunda nação mais corrupta do mundo. Não bastassem todos esses problemas, o Haiti atravessa uma profunda crise institucional que culminou na queda do presidente Jean-Bertrand Aristide em fevereiro de 2004 e isso tem provocado uma série de conflitos armados em diversos pontos da nação. Tropas da ONU - os boinas azuis -, sob a liderança do Brasil, encontram-se no Haiti tentando devolver a paz aos haitianos, mas as dificuldades têm sido grandes e os constantes tiroteios aumentam a insegurança da região.
Esses conflitos são apenas mais um capítulo na tumultuada história desse país ao longo das últimas décadas. Entre 1957 e 1986, o Haiti esteve sob uma das mais sanguinárias ditaduras da América Latina, comandada inicialmente por François Duvalier, mais conhecido como Papa Doc, e posteriormente por seu filho, Jean Claude Duvalier, o Baby Doc.
O padre Jean-Bertrand Aristide, ligado à Teologia da Libertação, a ala de esquerda da Igreja católica, com seus sermões e discursos foi uma das principais vozes de oposição a esse regime. Nas eleições de 1990, o religioso conquistou a presidência do Haiti com 67% dos votos, prometendo combater a corrupção, o narcotráfico e a miséria. Com um ano de governo, no entanto, foi derrubado por um golpe militar. Só recuperou o poder em 1994, depois de uma intervenção militar dos Estados Unidos. De volta à presidência, uma de suas primeiras medidas foi extinguir as Forças Armadas.
Durante seu governo, a situação econômica do país piorou sensivelmente. O presidente alegava falta de apoio da comunidade internacional para promover as mudanças necessárias. Ao final de seu mandato, em 2000, Aristide concorreu à reeleição e saiu vitorioso. Entretanto, sua vitória foi amplamente contestada pela oposição, que apontou uma série de fraudes e boicotou o pleito.
Observadores internacionais confirmaram as irregularidades eleitorais e o prestígio de Aristide, em constante queda, despencou. Surgiram denúncias de que o presidente era apoiado por gangues armadas ligadas ao narcotráfico e que o governo desviava as verbas estrangeiras destinadas aos programas sociais. A oposição - dividida em várias facções - pressionava para Aristide renunciar e convocar novas eleições.
Em fevereiro de 2004, ex-militares do grupo "Novo Exército" lideraram um golpe contra o presidente: armados, tomaram o controle de vilarejos e pequenas cidades e partiram em direção à capital, Porto Príncipe. Os confrontos entre as forças policiais e os insurgentes provocaram centenas de mortes e levaram o caos ao país.
No dia 28 do mesmo mês, Jean-Bertrand Aristide renunciou ao cargo e refugiou-se inicialmente na República Central Africana. Dias depois, durante uma entrevista coletiva, o presidente afirmou ter sido derrubado pelo governo estadunidense, que o teria seqüestrado e embarcado à revelia em um avião.
O ex-presidente da Suprema Corte haitiana, Boniface Alexandre assumiu a presidência interinamente e indicou Gerard Latortue como primeiro-ministro. Eles empossaram um novo gabinete com 13 membros, dos quais nenhum representante pertence ao partido de Aristide, o Família Lavalas, provocando protesto dos quimeras, nome dado aos seguidores do ex-presidente.
No auge da crise, a ONU decidiu enviar tropas de paz ao país. A Organização comprometeu-se em mandar 6.700 militares para garantir a segurança da população enquanto não fossem realizadas novas eleições, mas até meados de novembro não havia cumprido a sua promessa na totalidade: apenas 4.500 soldados foram deslocados ao Haiti e eles vêm enfrentando dificuldades para controlar a região.
Os quimeras consideram as tropas de paz da ONU como um braço armado dos Estados Unidos e vêm promovendo uma série de ataques contra eles. Também acusam o governo interino de estar perseguindo e prendendo membros do Família Lavala. Em dezembro de 2004, durante visita do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, ao Haiti, os quimeras e os boinas azuis da ONU travaram pesado tiroteio diante do palácio presidencial.
A situação do Haiti permanece em impasse. Aristide, exilado na África do Sul, considera-se ainda o atual presidente do país. A luta armada continua entre os quimeras, os paramilitares oriundos da extinta Forças Armadas, policiais defensores do governo e as forças de paz da ONU. Novas eleições presidenciais foram marcadas para fevereiro de 2005.
Se a paz demora para chegar ao país, o mesmo acontece com o US$ 1 bilhão de dólares de ajuda financeira que a comunidade internacional já alocou para o Haiti e a ONU recusa-se a liberá-lo alegando a inexistência de um projeto concreto de emprego da verba. No meio de toda essa crise, quem mais sofre é a população civil que continua vivendo na mais completa miséria e não tem, pelo menos no momento, perspectivas de mudanças significativas de sua realidade.
O Brasil no Haiti
Os primeiros militares do Brasil começaram a desembarcar no Haiti no final de maio de 2004 e em julho assumiram o comando das forças de paz da ONU. Os governo brasileiro vem afirmando que o envio dos 1.200 homens têm por objetivo promover a reconcialização política do Haiti, devolver a paz à região e promover a sua reconstrução econômica.
Porém, por trás desse gesto humanitário encontram-se interesses políticos: o Brasil deseja conquistar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, órgão encarregado, entre outras coisas de discutir questões de guerra. Por isso, estar no Haiti significa demonstrar à ONU a capacidade do Brasil de lidar com questões dessa grandeza.
O atual Conselho de Segurança é formado por apenas 15 membros, cinco permanentes (EUA, França, Inglaterra, Rússia e China) e dez rotativos, que se revezam a cada dois anos. Os membros permanentes têm o poder veto, ou seja, o voto de um único país pode derrubar qualquer discussão aprovada pelos demais integrantes do Conselho.
O órgão está para passar por uma reforma e estuda-se aumentar para 11 o número de membros permanentes. O governo brasileiro, que por nove vezes, já foi membro rotativo, deseja agora ocupar uma dessas seis novas vagas que poderão ser criadas, com o objetivo de se tornar o primeiro representante da América Latina nesse seleto grupo.
|
Um grande terremoto de magnitude 7,0 na escala Richter atingiu o Haiti, o país mais pobre da América, por volta das 19h50 (horário de Brasília) desta terça-feira (12). Um alerta de tsunami para partes do Caribe, incluindo a República Dominicana, Cuba e Bahamas chegou a ser emitido pelo Centro para Alertas de Tsunami no Pacífico, mas já foi retirado.
Local do tremor
De acordo com medição preliminar do Serviço Geológico dos Estados Unidos, o terremoto aconteceu a cerca de 10 km de profundidade, a 22 km da capital haitiana, que tem mais de 1 milhão de habitantes. Um terremoto dessa magnitude é capaz de provocar danos graves. O terremoto foi seguido de outros tremores, sendo dois de magnitudes de 5,9 e 5,5.
Você sentiu o tremor que atingiu o Haiti?
O tremor foi sentido com força em quase todo o território da República Dominicana, país situado na ilha de Hispaniola, como o Haiti, e também no leste de Cuba, mas ainda não se sabe se provocou grandes danos, salvo cortes temporários no fornecimento de energia elétrica.
Em entrevista concedida à rede de televisão "CNN", o embaixador do Haiti nos Estados Unidos, Raymond Joseph, disse que as consequências do terremoto pode ter tido proporções "catastróficas". "A única coisa que posso fazer agora é rezar e confiar em que o pior não aconteça", disse.
"Estão todos muito assustados e abalados", disse Henry Bahn, funcionário do Departamento de Agricultura dos EUA que visitava o país. "O céu está cinza com poeira."
"Definitivamente, peço a ajuda dos EUA", disse Raymond Joseph. O embaixador explicou que tentou ligar para funcionários de seu governo e que só conseguiu falar com um, que relatou "que as casas caíram dos dois lados das ruas".
Ajuda externa
O presidente dos EUA, Barack Obama, manifestou-se e disse que seus "pensamentos e preces" estão com o povo haitiano. "Estamos monitorando de perto a situação e estamos prontos para ajudar o povo do Haiti", disse, em nota. República Dominicana, França, Colômbia e Venezuela também já se comprometeram a ajudar o Haiti.
O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) anunciou um subsídio de emergência de US$ 200 mil para fornecer comida, água, remédios e abrigo para as vítimas do terremoto, que poderia ter causado centenas de mortos, disseram testemunhas. "Estamos acompanhando de perto a situação e estamos prontos para ajudar o Haiti a lidar com esta catástrofe", disse o presidente do banco, Luis Alberto Moreno. "Estamos em contato com outros doadores, para partilhar informações e coordenar as ações de resposta."
A própria ONU (Organização das Nações Unidas), com sede nos Estados Unidos, anunciou que está preparando um enorme esforço internacional no Haiti, enquanto seus funcionários tentavam em vão entrar em contato com seus representantes no país. As comunicações no país foram afetadas.
"Tentamos entrar em contato com as nossas equipes no terreno, mas temos problemas de comunicação, o que não é surpreendente depois de uma catástrofe como essa", disse o porta-voz do Escritório de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), Stephanie Bunker.
Bunker disse que a OCHA tinha enviado mensagens de aviso para diferentes locais em todo o mundo com o objetivo de preparar uma mobilização excepcional de ajuda ao Haiti.
Um porta-voz do Itamaraty disse à BBC Brasil que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, já conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a situação no Haiti. Segundo o Itamaraty, "o presidente disse estar bastante preocupado com a situação dramática do país".
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, "expressou sua solidariedade ao povo do Haiti, (...) e exortou os militares brasileiros presentes naquele país a fazerem todo o esforço possível para minorar o sofrimento da população local".
Histórico de tremores na região
O terremoto desta terça foi um dos mais fortes já registrados no Haiti e na República Dominicana, que compartilham a ilha caribenha de Hispaniola.
"Desde o terremoto de 4 de agosto de 1946, que foi de 8,1 graus, não tínhamos registrado, pelo menos em nosso país, um fenômeno tão grande como este", afirmou o diretor do Instituto Sismológico Universitário da República Dominicana, Eugenio Polanco.
Outro forte terremoto no país ocorreu na noite de 22 de setembro de 2003, quando a terra tremeu a uma escala de 6,5 graus e derrubou um centro educativo, além de ter danificado seriamente outros prédios na cidade de Puerto Plata.
Para os especialistas, a tragédia que atingiu a capital do Haiti, Porto Príncipe, não foi uma supresa. O epicentro, que foi a uma profundidade de dez quilômetros da crosta terrestre, está situado numa falha geológica bastante conhecida dos sismólogos, os cientistas que estudam os movimentos da Terra. Ela fica na fronteira entre duas placas tectônicas, a placa caribenha e a placa norte-americana. O último grande tremor de terra no local foi registrado há mais de 250 anos.
Segundo a diretora do Instituto de Física do Globo, que fica em Paris, Eleonore Stutzmann, há novos riscos de tremores no futuro.
Diante da ameaça de um grande terremoto no futuro, outro especialista do Instituto de Física do Globo de Paris, Yann Klinger, alerta que a reconstrução dos prédios, casas e a infraestrutura dos locais atingidas terá que obedecer critérios bem rígidos.